quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

SAMBA DE BENÇÃO

Cantado

É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração

Mas pra fazer um samba com beleza
É preciso um bocado de tristeza
É preciso um bocado de tristeza
Senão, não se faz um samba não

Falado

Senão é como amar uma mulher só linda
E daí? Uma mulher tem que ter
Qualquer coisa além de beleza
Qualquer coisa de triste
Qualquer coisa que chora
Qualquer coisa que sente saudade
Um molejo de amor machucado
Uma beleza que vem da tristeza
De se saber mulher
Feita apenas para amar
Para sofrer pelo seu amor
E pra ser só perdão

Cantado

Fazer samba não é contar piada
E quem faz samba assim não é de nada
O bom samba é uma forma de oração

Porque o samba é a tristeza que balança
E a tristeza tem sempre uma esperança
A tristeza tem sempre uma esperança
De um dia não ser mais triste não

Falado

Feito essa gente que anda por aí
Brincando com a vida
Cuidado, companheiro!
A vida é pra valer
E não se engane não, tem uma só
Duas mesmo que é bom
Ninguém vai me dizer que tem
Sem provar muito bem provado
Com certidão passada em cartório do céu
E assinado embaixo: Deus
E com firma reconhecida!
A vida não é brincadeira, amigo
A vida é arte do encontro
Embora haja tanto desencontro pela vida
Há sempre uma mulher à sua espera
Com os olhos cheios de carinho
E as mãos cheias de perdão
Ponha um pouco de amor na sua vida
Como no seu samba

Cantado

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração

Falado

Eu, por exemplo, o capitão do mato
Vinicius de Moraes
Poeta e diplomata
O branco mais preto do Brasil
Na linha direta de Xangô, saravá!
A bênção, Senhora
A maior ialorixá da Bahia
Terra de Caymmi e João Gilberto
A bênção, Pixinguinha
Tu que choraste na flauta
Todas as minhas mágoas de amor
A bênção, Sinhô, a benção, Cartola
A bênção, Ismael Silva
Sua bênção, Heitor dos Prazeres
A bênção, Nelson Cavaquinho
A bênção, Geraldo Pereira
A bênção, meu bom Cyro Monteiro
Você, sobrinho de Nonô
A bênção, Noel, sua bênção, Ary
A bênção, todos os grandes
Sambistas do Brasil
Branco, preto, mulato
Lindo como a pele macia de Oxum
A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que já viajaste tantas canções comigo
E ainda há tantas por viajar
A bênção, Carlinhos Lyra
Parceiro cem por cento
Você que une a ação ao sentimento
E ao pensamento
A bênção, a bênção, Baden Powell
Amigo novo, parceiro novo
Que fizeste este samba comigo
A bênção, amigo
A bênção, maestro Moacir Santos
Não és um só, és tantos como
O meu Brasil de todos os santos
Inclusive meu São Sebastião
Saravá! A bênção, que eu vou partir
Eu vou ter que dizer adeus

Cantado

Ponha um pouco de amor numa cadência
E vai ver que ninguém no mundo vence
A beleza que tem um samba, não

Porque o samba nasceu lá na Bahia
E se hoje ele é branco na poesia
Se hoje ele é branco na poesia
Ele é negro demais no coração


Composição: Vinicius de Moraes / Baden Powell


domingo, 14 de outubro de 2007

DESEO


Sólo tu corazón caliente,
Y nada más.

Mi paraíso, un campo
Sin ruiseñor
Ni liras,
Con un río discreto
Y una fuentecilla.

Sin la espuela del viento
Sobre la fronda,
Ni la estrella que quiere
Ser hoja.

Una enorme luz
Que fuera
Luciérnaga
De otra,
En un campo de
Miradas rotas.

Un reposo claro
Y allí nuestros besos,
Lunares sonoros
Del eco,
Se abrirían muy lejos.

Y tu corazón caliente,
Nada más.

Federico García Lorca

UMA TARDE


A Lua refugiou-se na montanha
deixando-nos velada claridade;
esta luz amorosa que nos banha
encheu minh'alma de suprema bondade.
Senti todas as folhas se agitarem
cantando no silêncio uma canção,
e senti meu espírito afastar-se
as asas perseguindo de uma bela ilusão.
Recostado no musgo umedecido
senti o meu espírito volver;
nos sonhos nunca mais tenho sentido
a celeste doçura daquele entardecer.

Pablo Neruda

terça-feira, 2 de outubro de 2007

SE AS MINHAS MÃOS PUDESSEM DESFOLHAR

Eu pronuncio teu nome
nas noites escuras,
quando vêm os astros
beber na lua
e dormem nas ramagens
das frondes ocultas.
E eu me sinto oco
de paixão e de música.
Louco relógio que canta
mortas horas antigas.

Eu pronuncio teu nome,
nesta noite escura,
e teu nome me soa
mais distante que nunca.
Mais distante que todas as estrelas
e mais dolente que a mansa chuva.

Amar-te-ei como então
alguma vez? Que culpa
tem meu coração?
Se a névoa se esfuma,
que outra paixão me espera?
Será tranqüila e pura?
Se meus dedos pudessem
desfolhar a lua!!

Federico García Lorca

EL MUNDO CABE EN UNA CANCIÓN

Las rosas del primer amor,
mis viejos, la primera canción
el primer beso, el primer dolor
el hombre que no quise ser,
el August Foster desde donde zarpé
hacia países lejanos
y algo ya estaba allí
casi descubriéndonos.

Ya respiraba a mi lado
y esto fue lo que aprendí
y hoy vengo a decírtelo
el mundo cabe en una canción.

Desafinaba Tom
mientras caía el sol
en Ipanema dorada
la máquina de hacer pájaros invisibles
en el '76 la sangre se derramaba
y Pichuco al oído me decía:
”Pibe no consigo sacarme el tango del corazón”

Mercedes es la voz, y Frankie no te preocupes
que el mundo cabe en una canción

Todas las músicas me hablan
todas las cosas se conectan en mi corazón
ah! te entiendo bien
sabés que te entiendo bien

Y aunque todo sea una farsa
yo se que el mundo cabe entero en una canción
pienso en la primera vez que te dije que te amé
ah, que hermosa sensación y créelo de una vez,
el mundo cabe en una canción.

Fito Paez

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

A ESTROFE DO AMOR PERDIDO

I

O amor que não lhe disse
está me entristecendo agora.
Não saiu dos meus lábios e passou ao seu lado
como uma sombra suave!

Eu não o soube olhar,
não o soube sentir,
minha boca tampouco
conseguiu lho dizer...

Perdeu-se como um canto que se fina nos lábios,
expirou como um barco que se perde no mar.

Passou como uma sombra... Não o soube sentir...
Não o soube sentir... sequer o soube olhar...

II

Silencioso amor. Ou sino
sem metal.
Silêncio. Agora estou triste.
Tarde. Lembrança. Silêncio.
Solidão.
Amor... se eu o tivesse dito
naquele entardecer...
Mas para que o calaria?...
Para quê?!

Pablo Neruda

AMAR


Alguém já disse o verso que eu tinha de dizer-te
e noutro coração se apertou meu desejo,
a vida de outros homens na minha revive
como um licor antigo sobre outros lábios novos.

Amo e Amor é este que outros em si tiveram
bordado em ouros duros, tatuado em sulcos firmes,
Amor que é sempre o mesmo como o céu sempre o mesmo
o das auroras rubras e das tardes cinzentas.

A lembrança que escondo, a palavra que disse
vinham até minh' alma do fundo do tempo
e ao lançar-lhes minhas redes ásperas, terríveis,
quedaram encantadas em palavras e lembrança.

É que eu esmago as uvas de um oculto vinhedo.
Doces são teus racimos, vinhateiro invisível!
E no profundo céu da meia-noite eu vejo
escritas as palavras que não podem ser ditas.

Amor, estou alegre porque os outros te tiveram,
estou alegre, Amor, e ébrio, e alegre e triste.
Dormem por ti em minh' alma tantos sonhos remotos
que em muitas almas novas voltarão a dormir!

Pablo Neruda



segunda-feira, 27 de agosto de 2007

EU LHE DESEJO

EU LHE DESEJO,
que você permaneça acreditando em você mesmo,
na sua inteligência, coragem e capacidade
para ser um profissional bem sucedido.
Que o amor e a sabedoria o leve a estabelecer
um ambiente familiar equilibrado,
seja na sua relação com os seus filhos,
seja nas relações dos seus filhos com eles mesmos.
Que, com a sua presença madura, paciente e amorosa,
eles sintam que são amados por você
e que lhe retornem todo o amor que receberem.
Que você encontre e estabeleça
o equilíbrio afetivo e emocional.
Que você encontre a pessoa
que seja a ressonância para uma parceria
sustentada nos pilares do amor recíproco.
Que nessa pessoa você encontre
motivos e motivação para investir,
sem medo e com vontade,
no dia a dia da vida a dois.
"Não é bom que o homem esteja só", pensou Deus.
E criou a mulher, para ser a sua companheira,
para que o homem não se sinta só.
Você percebe a profundeza deste pensamento divino?
"Não é bom que o homem esteja só".
É muito mais do que ter uma mulher ao lado.
É criar laços fortes e duradouros com essa mulher.
Se assim não for,
ainda que com uma mulher ao seu lado,
o homem se sentirá só. Ambos estarão sós.
A nossa vida, basicamente,
transcorre ao longo de duas vias paralelas:
a afetiva e a profissional.
Quando a afetividade não vai bem,
todo o restante fica contaminado.
Do alto do sucesso profissional,
não há como deixar de vermos a outra via paralela,
a da afetividade,
e percebermos os vazios que ali criamos.
Que gosto tem o sucesso,
se a alma estiver vazia de afetos verdadeiros?

EU LHE DESEJO,
um DIA pleno de afetos verdadeiros!

Autor desconhecido

FELIZ


Vem pra misturar juízo e carnaval
Vem trair a solidão
Vem pra separar o lado bom do mal
E acalmar meu coração

Vem pra me tirar o escuro e a sensação
De que o inferno é por aqui
Vem pra se arrumar na minha confusão
Vem querendo ser feliz

Música de Dudu Falcão gravada por Maria Rita

sexta-feira, 20 de julho de 2007

CÉU

Apaixonante é o céu.
Sua imensidão, cor e esplendor.
O céu desperta a curiosidade de muitos,
A lua inspira os apaixonados,
O sol alegra aqueles que amam a vida,
As estrelas encantam os sonhadores.
Eu sou uma sonhadora,
Mas já tive momentos de inspiração lunar,
Bem como a alegria de ver o sol iluminando a vida.
Muitos já sonharam em chegar a lua.
Outros queriam voar.
Eu apenas quero me sentar e o céu estrelado admirar.
Posso sonhar os mais belos sonhos.
Posso realizar alguns.
Mas ainda tenho medo do mundo que criamos.
A inteligência humana é incrível,
Porém a ambição a ofusca.
Seria perfeito se os homens pudessem mesclar:
Inteligência e bom senso.
Altruísmo e realizações impressionantes.
Mas não adianta sonhar sozinha,
Alguns sonhos precisam ser coletivos.
E enquanto o medo toma conta das pessoas,
Eu ainda ouso olhar as estrelas e admirar.
Olhando, Admirando e Sonhando.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

AS TRÊS PENEIRAS DE SOCRATES

Certa vez um homem chegou até Sócrates e disse:

- Escuta, tenho que contar-te algo importante a respeito de teu amigo!

- Espera um pouco, interrompeu o sábio, fizestes passar aquilo que queres me contar pelas três peneiras?

- Que três peneiras?

- Então escuta bem! A primeira peneira é a da VERDADE. Estás convicto de que tudo o que queres me contar é verdade?

- Não exatamente. Somente ouvi de outros.

- Mas então certamente o fizestes passar pela segunda peneira? Trata-se da peneira da BONDADE.

O homem ruborizou e respondeu:

- Devo confessar, não.

- E pensastes na terceira peneira? Vendo se me seria útil o que queres falar-me a respeito do meu amigo. Seria essa a peneira da UTILIDADE.

- Útil? Na verdade, não.

- Vês? Disse-lhe o sábio: Se aquilo que queres contar-me não é verdadeiro, nem bom e nem útil, então é melhor que guardes somente para si.

Autor Desconhecido

OUVIR ESTRELAS


Direis ouvir estrelas
Certo perdeste o senso
E eu vos direi no entanto
Que, para ouvi-las muita vez desperto
E abro a janela pálido de espanto

Enquanto conversamos
Cintila a Via Láctea
Como um pátio aberto
E ao vir do sol, saudoso e em pranto
Inda as procuro pelo céu deserto

Que conversas com elas
O que te dizem quando estão contigo
Ah... Amai para entendê-las
Ah... Pois só quem ama
Pode ouvir estrelas.

Adaptação da poesia Ora Direis, Ouvir Estrelas do Poema Via Láctea de Olavo Bilac.
Foi gravada pelo Kid Abelha no cd "Autolove"

sábado, 7 de julho de 2007

ONTEM AO LUAR

Ontem, ao luar, nós dois em plena solidão
Tu e perguntaste o que era a dor de uma paixão

Nada respondi! Calma assim fiquei!
Mas, fitando o azul, do azul do céu
A lua azul eu te mostrei
Mostrando-a a ti, dos olhos meus correr senti
Uma nívea lágrima e, assim, te respondi:
Fiquei a sorrir, por ter o prazer
De ver a lágrima nos olhos a sofrer
A dor do paixão não tem explicação
Como definir o que só sei sentir
É mister sofrer, para se saber
O que no peito o coração não quer dizer
Pergunta ao luar, travesso e tão taful
De noite a chorar na onda toda azul
Pergunta ao luar, do mar à canção
Qual o mistério que há na dor de uma paixão
Se tu desejas saber o que é o amor

Sentir o seu calor

O amarríssimo travor do seu dulçor

Sobe um monte a beira-mar, ao luar
Ouve a onda sobre a areia a lacrimar

Ouve a silêncio a falar da solidão

De um calado coração, a penar

A derramar, os prantos seus!

Ouve o choro perenal, a dor silente, universal

E a dor maior que é a dor de Deus

Se tu queres mais saber a fonte dos meus ais,

Põe o ouvido aqui na rósea flor do coração
Ouve a inquietação da merencória pulsação.
Busca saber qual a razão

Por que ele vive, assim, tão triste a suspirar.

A palpitar em desesperação

A teimar, de amar um insensível coração

Que a ninguém dirá no peito, ingrato em que ele está

Mas que ao sepulcro, fatalmente, o levará.

Catulo da Paixão Caearense / Pedro Alcântara

sexta-feira, 29 de junho de 2007

DESEJO

Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você sesentirá bem por nada.
Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
Eque pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga `Isso é meu`,
Só para que fique bem claro quem é o dono dequem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar esofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
Eque se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.


Victor Hugo


ONDE ESTÁ O POETA?

Onde está o poeta?

Aquele que exaltava a vida e a natureza.

Onde está o poeta?

Aquele que amava

E fazia os mais belos poemas.

Poemas feitos enquanto sonhava com a doce flor.

Não sei para onde foi!

Ou qual vento o levou.

Só noto ora ou outra um sinal,

Um suspiro, uma palavra.

Sinal este que indica que vivo o poeta está,

Mas não sei ao certo

O que fazer para o encontrar,

E descobrir sua inspiração

Para outros corações alegrar.

Pois vivo o poeta só permanece

Enquanto a magia durar,

E os corações puros sentir o que com emoção

O poeta ousou demonstrar.


03/07/2006 - Em um breve momento de inspiração.


quinta-feira, 28 de junho de 2007

QUASE

Ainda pior que a convicção do não,

É a incerteza do talvez,

É a desilusão de um quase!

É o quase que me incomoda,

Que me entristece,

Que me mata trazendo tudo que poderia ter sido e não foi.

Quem quase ganhou ainda joga,

Quem quase passou ainda estuda,

Quem quase amou não amou.

Basta pensar nas oportunidades que escaparam pelos dedos,

Nas chances que se perdem por medo,

Nas idéias que nunca sairão do papel por essa maldita mania de viver no outono.

Pergunto-me, às vezes, o que nos leva a escolher uma vida morna.

A resposta eu sei de cor.

Está estampada na distância e na frieza dos sorrisos,

Na frouxidão dos abraços,

Na indiferença dos "bom dia", quase que sussurrados.

Sobra covardia e falta coragem até para ser feliz.

A paixão queima,

O amor enlouquece,

O desejo trai.

Talvez esses fossem bons motivos para decidir entre a alegria e a dor.

Mas não são.

Se a virtude estivesse mesmo no meio-termo,

O mar não teria ondas,

Os dias seriam nublados e o arco-íris em tons de cinza.

O nada não ilumina,

Não inspira,

Não aflige nem acalma,

Apenas amplia o vazio que cada um traz dentro de si.

Preferir a derrota prévia à dúvida da vitória é desperdiçar a oportunidade de merecer.

Para os erros há perdão,

Para os fracassos, chance,

Para os amores impossíveis, tempo.

De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.

Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.

Não deixe que a saudade sufoque,

que a rotina acomode,

que o medo impeça de tentar.

Desconfie do destino e acredite em você.

Gaste mais horas realizando que sonhando...

Fazendo que planejando...

Vivendo que esperando...

Porque, embora quem quase morre esteja vivo,

Quem quase vive já morreu.


(Autoria atribuída a Luís Fernando Veríssimo, mas que ele mesmo diz ser de Sarah Westphal.)

terça-feira, 26 de junho de 2007

BORBOLETA



Borboleta pequenina
saia fora do rosal
Venha ver quanta alegria
Que hoje é noite de Natal

Eu sou uma feiticeira
Pequenina e feiticeira
Ando no meio das flores
Procurando quem me queira

Borboleta pequenina
Venha para o meu cordão
Venha ver cantar o hino
Que hoje é noite de Natal.

(Folclore Nordestino)

Um dia como qualquer outro

Eu sei!!
"Um dia como qualquer outro" soa muito pessimista.
Algumas vezes limitamos nossas vidas aos mesmos atos de sempre.
Esquecemos o quanto é importante sonhar e buscar o melhor.
Não sou o melhor exemplo a ser seguido, mas vejo pessoas lutando.
Essas pessoas incentivam meus dias e me fazem buscar algo que
sempre esteve ali, mas que demorei para entender que só precisava
estender meus braços e acreditar.
As vezes o que falta é alguém para acreditar, mas na maioria das vezes o que falta é a confiança na nossa capacidade e até mesmo no nosso coração.
Assim, vivemos um dia como qualquer outro sem buscar desafios,
sem buscar nossos sonhos e sem acreditar que viver um dia de cada vez e da nossa melhor maneira pode trazer os melhores sorrisos.
Tenham sempre pensamentos alegres!!!

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Nada como o amor para inspirar

"Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo;
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor, vive oculto em meu
Corpo o apertado aroma que ascende da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo diretamente sem problemas nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto de tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com
Meu sonho..."
Pablo Neruda